MÉTODOS DE
BARREIRA

MÉTODOS BASEADOS NA
PERCEPÇÃO DA FERTILIDADE
e NATURAIS

DISPOSITIVO
INTRA-UTERINO

MÉTODOS
CIRÚRGICOS




Esterilização Feminina


  1. Características

    1. Tipos
    2. Quanto aos tipos de oclusão tubária:

      • Salpingectomia parcial: é o tipo mais comum de esterilização feminina e inclui diferentes técnicas; a mais amplamente utilizada é a de Pomeroy.
      • Anéis: são colocados em volta de uma pequena alça de trompa com um aplicador especial. O mais utilizado é o anel de silicone, também chamado anel de Yoon.
      • Eletrocoagulação (fulguração): utiliza corrente elétrica para queimar uma pequena porção das trompas. A eletrocoagulação bipolar é a mais utilizada; a unipolar é raramente usada devido ao elevado risco de lesão de órgãos pélvicos ou abdominais não devendo, portanto, ser estimulada. 
      • Grampos: essa técnica causa menor lesão nas trompas. Os tipos mais utilizados são os grampos de Filshie e de Hulka-Clemens.

      Quanto às diferentes vias de acesso:

      • Minilaparotomia: procedimento realizado através de uma pequena incisão cirúrgica abdominal.   
      • Laparoscopia: procedimento realizado através de pequena incisão cirúrgica no abdômen, através da qual se insere o laparoscópio, que é um instrumento fino e longo, contendo lentes, que permite a visualização dos órgãos abdominais e localização das trompas.
      • Vaginal: procedimento realizado através de incisão no fundo de saco posterior da vagina (colpoceliotomia posterior).

      Quanto ao momento da realização:

      • Pós-parto (pode ser feita no pós-parto imediato)*
      • Pós-aborto *
      • Esterilização durante a cesariana:* realizada no final de uma cesariana
      • Fora do ciclo grávido-puerperal

      * Consulte: Legislação Federal para Esterilização Voluntária

    3. Mecanismo de Ação
    4. A obstrução mecânica das trompas impede que os espermatozóides migrem ao encontro do óvulo, impedindo a fertilização do mesmo.  Não tem nenhum efeito sobre a função hormonal da mulher e não altera o seu ciclo menstrual.

    5. Eficácia
    6. Muito eficaz e permanente: No primeiro ano após o procedimento, a taxa de gravidez é de 0,5 para 100 mulheres (1 em cada 200 mulheres). 

      A taxa acumulada de gravidez em  dez anos, segundo um estudo recente da OMS, é de 1,8 para 100 mulheres (1 em cada 55 mulheres). 

      A eficácia depende, em parte, de como as trompas foram bloqueadas, mas a taxa de gravidez é sempre baixa.

      Veja a tabela que compara a taxa de eficácia dos Métodos Anticoncepcionais.


    7. Desempenho Clínico

    8. Embora a maioria das mulheres fiquem satisfeitas com a decisão de esterilização, algumas mudam de opinião posteriormente e se arrependem. As taxas de arrependimento variam bastante, de 2 a 13%, dependendo da idade e das circunstâncias nas quais o procedimento foi realizado.  Estudo realizado no Serviço de Esterilidade Conjugal da UNICAMP durante o período de janeiro de 1988 a junho de 1990, durante o qual foram matriculadas 1.262 mulheres, descreveu porcentagem de 12,4% de pedidos de reversão de laqueadura.

      As taxas de arrependimento são maiores entre mulheres cujas trompas foram ligadas antes dos 30 anos de idade, solteiras ou em união conjugal recente, sem filhos do sexo masculino (para algumas culturas), quando o parceiro não apóia a decisão, com história de morte de um filho após o procedimento, com acesso limitado a outros métodos anticoncepcionais ou quando o procedimento é realizado durante ou logo após o parto. 

    9. Efeitos Secundários
      • Freqüentemente causa dor nos primeiros dias, mas esta desaparece depois do primeiro ou segundo dia;
      • o procedimento para reverter a ligadura é difícil, caro e não é realizado em muitos lugares.  Menos de 30% das mulheres que desejam reversão da ligadura são elegíveis. Além disso, em cerca de metade dos casos nas quais a reversão é realizada,  o procedimento é bem sucedido. Finalmente, o risco de gravidez ectópica após a reversão é 10 vezes maior do que entre mulheres que nunca foram esterilizadas. As mulheres que ainda pensam em ter filhos devem escolher outro método.

      Importante: Não protege contra as doenças sexualmente transmissíveis (DST), incluindo HIV/AIDS. 

    10. Riscos e Benefícios
      • Riscos
        • São complicações raras da cirurgia: infecção e sangramento no local da incisão, infecção ou sangramento intra-abdominal, lesão de órgãos pélvicos ou abdominais;
        • Riscos anestésicos: reação alérgica, recuperação demorada, efeitos colaterais;
        • Muito raramente, risco de morte devido a uma dose excessiva de anestésico ou outra complicação;
        • A gravidez ocorre raramente, mas quando ocorre, a chance de ser uma gravidez ectópica varia entre um quinto a três quartos, dependendo da técnica utilizada e da idade da mulher. Entretanto, a taxa de gravidez ectópica é menor do que em uma mulher sexualmente ativa que não usa métodos anticoncepcionais.

         

      Risco de gravidez ectópica: O risco varia de acordo com a idade e o tipo de oclusão, mas é menor do que em mulheres que não usam métodos anticoncepcionais.

      Taxa anual de gravidez ectópica (por 100 mulheres)

      Esterilizadas
      Todas as técnicas Salpingectomia pós-parto Sem método
      Todas mulheres 0,7 0,15 7,5
      Mulheres < 34 anos 1,2 0,1 7,5 - 12
      Mulheres > 34 anos 0,45 0,2 3,16 - 6,3
      Fonte: Peterson 1997; Sivin 1991; MMWR 1995

    • Benefícios
      • É muito eficaz;
      • É permanente;
      • Não interfere nas relações sexuais;
      • Não interfere no prazer sexual;
      • Não tem efeitos sobre o leite materno;
      • Não apresenta efeitos colaterais a longo prazo ou riscos à saúde; 
      • Protege a mulher contra  o câncer de ovário;
      • Pode reduzir o risco de doença inflamatória pélvica;
      • Não protege contra doenças sexualmente transmissíveis e HIV/AIDS;
      • É necessário o aconselhamento adequado para diminuir o risco de arrependimento.

       

      Mulheres laqueadas têm risco 30% menor de desenvolverem câncer de ovário:


Fonte: Miracle-McMahill et al. 1997.


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